30 novembro 2006

Oservaçao: ainda nao encontrei o "til" nos teclados daqui, um dia eu vi em um, mas nunca mais achei, por isso o texto abaixo está e talvez os futuros ficarao, sem nossa queria cobrinha. Desculpe!
Asas na cabeça. Quando decidi escrever num blog e pensei neste nome para ele, eu já tinha essa idéia na cabeça. Na verdade é uma idéia muito antiga, mas o blog foi pensado justamente, entre outras coisas, para relatar o que eu viveria aqui depois que minhas asas batessem bastante.
Pois bem, estou em Barcelona. Nao consigo me lembrar quando e porque escolhi esta cidade e este curso, só sei que mesmo quando tudo parecia impossível (e ainda existem coisas impossíveis) eu tinha certeza que estaria aqui. E hoje na aula, como que para confirmar esta certeza, tive um daqueles momentos de déjàvu, que tenho até que com certa freqüência, e senti que já havia estado naquela sala, naquela aula, lendo o que dizia a frase no braço sarado do companheiro de curso.

A ciadade é linda. Nao digo maravilhosa, porque maravilhosa só o Rio de Janeiro, tem alguma coisa lá, mas aqui é lindissímo, encantador, cada construçao de babar. Até entregar currículo é menos chato, porque vou entregando e de repente estou na foto de um cartao postal.
De cara, assim que cheguei, andei de graça no metrô. O metrô daqui é meio à portuguesa e por onde se sai também dá pra entrar, é proibido, mas eu segui os jovens que estavam na frente e quando vi que nao paguei já estava no trem. Cheguei a pensar que nao cobravam a passagem a noite e, de toda forma, como eu nao tinha o bilhete e nao sabia como comprar, na volta também passei de graça. Pois é, tinha que ser brasileira!
Com quatro noites aqui fui a uma baladinha num apartamento até hoje nao sei de quem é, com as brasileiras que me acolheram (quando chequei fiquei num hostel e sem conhecer ninguém, busquei socorro com uma dessas brasileiras que conheci por 15 minutos no Consulado em Sao Paulo) e lá tivemos uma quase conferência latino-americana com representantes da Colômbia, Venezuela, Bolívia e outros brasilieros, como bebiamos vinho, cerveja (saudades da skol!) e suco de maça, quando nao tinha mais nada, conversamos de tudo, menos de política que é muito chato e descubri que “O Brasil es el mayor país del mondo”, assim no portunhol mesmo, o que também me diria mais tarde o peruano com quem divido teto (com ele e sua esposa). Eles riram depois desta frase, nao saquei bem, será que a gente se acha?
Quando nem suco de maça tinhamos mais, fomos a uma baladinha próxima e para encerrar o encontro de latinos só podia ser ao ritmo da salsa. Dancei salsa! E dancei mesmo, porque o venezuelano era um profissional (e guapo). Foi divertido.
Um dia depois de ter uma semana aqui, já com lugar certo para morar e pagando o metrô, fui a um evento totalmente diferente na Ral Academia de Ciências Econômicas e Financeiras da Espanha, para assistir uma discussao internacional sobre o futuro da cultura mediterrânea na Europa de amanha.(?!) Com música clássica, homens de fraque, o 1º ministro da Rômenia, que provavelmente será o próximo presidente deste país, o ministro dos trasportes da Itália, o reitor da universidade da Ucrânia, um outro da Bulgária, uns outros, o pai do meu professor que nos convidou para este evento e o reitor da universidade de Montenegro, que falou nao sei em qual contexto, “que a vida pode ser difícil, às vezes, mas que é uma festa maravilhosa”. Eu nao sei se terei dinheiro para pagar o curso, quanto tempo mais vou ficar por aqui, eu nao sei de nada, mas realmente a vida é uma festa maravilhosa.

mirian.

06 novembro 2006

O texto abaixo foi escrito já tem tempo, numa folha solta de papel e só hoje tive tempo de sentar na frante de um computador para puplicá-lo. As novidades hoje são outras e espero compartilhar em breve.

Volte sempre!

Abraços fraternos,
Mírian.
A novidade é que ando meio desmemoriada. Esqueci tudo. Parece que nada aconteceu.
É que ainda ontem passava por aqui uma tropa feroz, montada em mais de cem cavalos acelerados. Na verdade não sei bem se era uma tropa ou se foi mesmo um estouro de boiada, o fato é que aviso disso, atravessei na frente e fui pega em cheio.
Andava distraída, puxei conversa com um moço e fui acreditando no que ele falava. Ele falava muito, elogiava bastante, contava histórias lindas, gesticulava muito... Tudo parecia muito bom e eu estava gostando. Mas aí, justamente quando eu já estava dentro da conversa dele, dei de encontro com a tropa que vinha feroz. Eu tomei conhecimento de cada galopada, mas o estouro mesmo nem me viu e seguiu adiante. O moço sumiu. Acho que já tinha sumido antes do atropelo. Escarafunchando bem na memória, ele sumiu exatamente na hora do encontro com os bichos. Vendo a boiada e não vendo mais o moço, tentei desviar, mas já não dava mais tempo. Foi rápido. E a mãe sempre dizendo pra eu não cair em conversa de moço que fala muito... Mas eu estava falando é que estou desmemoriada, justamente: depois que fui atropelada pelos bois e cavalos apressados, sem controle e sem juízo, sem responsabilidade, diria, ficou uma dor danada, doía tudo, do coração à cabeça e eu não tinha como não colocar a culpa no moço, porque foi ele que me empurrou pra aquilo tudo, me distraiu no blá, blá, blá, aí doía mais ainda, porque pensar e sentir doía demais. A única coisa que dava para fazer sem sentir dor era dormir, então mergulhei num sono profundo. Não sei quanto tempo deu dormindo, foi mais de um mês, mas não sei quantos, só sei que acordei novinha em folha, uns diriam que pronta pra outra. Não tem mais marca de pisadas, dor nenhuma mais eu sinto. O coração ficou leve e a cabeça fresquinha, fresquinha. Tá, mas e a memória, você deve estar me perguntando. Pois é, depois que acordei não me lembro de nada que moço contava, apagou. Quer saber? Nem do moço eu lembro! Só lembro mesmo do encontro com a tropa e do conselho da mãe.